Perseguição

Estava tarde. Um pouco depois das 23h00. Ele voltava do seu emprego de motorista de ônibus. Carregava, na mão direita, uma sacola com uma vasilha.

Todo dia sua esposa lhe preparava a janta e colocava nessa mesma vasilha.Como de costume, ela já estava quase vazia, a não ser pelas espinhas do peixe que comeu no jantar.

Caminhava pela rua escura. De repente teve uma estranha sensação. De que estava sendo seguido. Nervoso, mas lentamente, olhou para trás. Nada viu no trecho mal iluminado de rua onde se encontrava. Continou caminhando, alarmando. A sensação continuava.

Depois de um ou dois minutos, olhou para trás novamente. Nada. Preocupado, além de nervoso, continuou caminhando, um pouco mais depressa, para chegar logo em casa.

Quando passava por um trecho um pouco mais iluminado, resolveu olhar para trás mais uma vez, na esperança de comprovar a teoria de que estava sendo seguido. Novamente, nada. Ninguém.

Seu coração começou a bater mais depressa. E se lhe acontecesse alguma coisa? Sua esposa e sua filha ficariam muito preocupadas. Afastando esse pensamento de sua mente, caminhou mais depressa. A sensação de estar sendo seguido aumentava. Era como se alguém se aproximasse dele. O suor começava a brotar de seus poros. Convencido de que estava realmente sendo seguido, parou e olhou novamente. Ninguém.

Virou-se e continuou a caminhar. Estava a poucos minutos de casa. Subitamente lhe ocorreu que se estivesse sendo seguido, não deveria levar o perigo para casa. Não, isso não.

Decido a acabar com isso de uma vez por todas. Olhou pra trás novamente. Foi quando o viu. Estava parado. Olhando-o fixamente, com olhos sedentos, brilhantes. Um gato, que estava lhe seguindo por todo o caminho. Com um bobo sorriso de alívio no rosto, olhou para a vasilha em sua mão. "Então era isso", pensou. Agora mais calmo, virou-se e continuou sua jornada de volta para casa.